A Aldeia de Igapó

Quadro Aldeia dos Tapuias - Rugendas

Por Prof. Dr. Lenin Campos Soares

Mapa da Região em que ficava a Aldeia Velha.

O lugar habitado mais antigo, que temos registro, da cidade do Natal é o bairro de Igapó, mas precisamente a região das antigas salinas, que hoje são fazendas de camarão, antes mesmo da fundação da cidade. Já quando os portugueses chegam, em 1599, ele já era conhecido como Aldeia Velha e até o século XIX esse é o nome de toda a região do rio Potengi até as margens do rio Jaguarari. Ainda em 1597 temos registros das habitações na margem norte do rio Potengi, Frei Vicente de Salvador diz que ela ficava a uma légua do forte, cercada por uma paliçada e uma muralha, que protegia além das ocas, as plantações de mandioca e os estoques de peixe seco e de mangaba, guajiru e caju, recolhidos nas capoeiras e dunas circundantes.

Esta povoação indígena, como diz Luiz Eduardo Suassuna e Marlene Mariz, era a principal aldeia da tribo Potengi. Os historiadores acreditam que a população de potiguaras no século XVI era de, aproximadamente, 90 mil indivíduos e, pelo menos, 3550 destes deveria viver na aldeia de Igapó (a maior parte da população potiguara, no entanto, permanecia nômade, deslocando-se por um território que se espalhava do Ceará à Paraíba). Não é por acaso que um dos governadores da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, disse que se os índios fossem despejados, era possível que todos os habitantes de Natal habitassem com folga, afinal até 1614, haviam somente doze casas na cidade, não passando mais do que oitenta moradores.

Com o tempo, no entanto, não apenas os índios viviam na aldeia. Com a chegada dos portugueses, e após a aliança organizada pelo pai de Felipe Camarão, a partir de 1610, os europeus passaram também a habitar junto aos indígenas. Era mais fácil, para conseguir alimento, e se proteger de ataques que outros índios. Inclusive, com a presença branca, logo uma capela foi construída dentro da aldeia dedicada a Nossa Senhora da Soledade, em 1612.

Os índios dessa aldeia, no entanto, são levados para o aldeamento, construído pelos padres jesuítas, de São Miguel do Guajiru, em Extremoz, a partir de 1678, esvaziando suas antigas terras, que foram depois arrendadas a Antônio Pereira.

Para Saber Mais:

Itamar de Souza. Nova História de Natal.

Luiz da Câmara Cascudo. História da Cidade do Natal.

Luiz Eduardo Suassuna. Marlene Mariz. História do Rio Grande do Norte.

Olavo de Medeiros. Aconteceu na Capitania do Rio Grande.