Alecrim: As Igrejas Católicas

Por Prof. Dr. Lenin Campos Soares

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O Alecrim, como o nome do bairro denuncia, era terra de terreiros de Jurema, onde se fumava fumo perfumado com alecrim. Porém, com a criação do cemitério, em 1856, se levantou a primeira capela católica no bairro. Nesta capela, aos domingos, o cônego Estevão Dantas celebrava a missa para a população católica residente. Porém, se o motivo da criação do cemitério público era evitar que a população entrasse em contato com os corpos, especialmente aqueles que haviam morrido por causa das diversas epidemias que a cidade passava (na época, de cólera), logo se tentou criar uma alternativa. O padre então abriu as portas de sua casa, na rua Coronel Estevão, e na sua sala de visitas erigiu uma capela em honra a São Geraldo, onde celebrava o culto dominical.

A casa do padre Estevão Dantas foi o único templo católico alecrinense por 54 anos. Somente em 1910, que se propôs a criação de uma igreja, porém somente em 1916 que o Monsenhor Alfredo Pegado lançou a pedra fundamental da Igreja de São Pedro. A construção começou de forma muito lenta, especialmente até a chegada do padre Fernando Nolte, em 1918, à comunidade. A partir daí, o novo padre mobilizou os fiéis católicos, promovendo festas e quermesses para angariar recurso para a construção do novo templo, que seguia o projeto do engenheiro Herculano Ramos (que também havia projetado a Praça André de Albuquerque, o Teatro Alberto Maranhão, o Grupo Escolar Augusto Severo e o prédio da Ordem dos Advogados do Brasil). O projeto da igreja havia sido, inicialmente, proposto para uma igreja no bairro do Tirol, porém, como explica uma crônica da época:

“O Reverendo Padre Fernando Nolte depois de estudar a planta viu a inconveniência que havia em seguir o dito projeto e, de acordo com o sr. Bispo, tomando em conta os trabalhos já feitos, remodelou a planta radicalmente” (Livro de Tombo da Paróquia de São Pedro).

A fachada, por exemplo, ganhou contornos neogóticos, típicos do Ecletismo, como as janelas e portas ogivais e os falsos pináculos esculpidos na fachada que direcionam o olhar do observador para cima. A torre mistura elementos góticos (janelas ogivais, rosáceas e a cúpula ogival) com românicos, como as falsas colunas, as cornijas e o friso liso. Essa mistura de elementos que parecem díspares é o que caracteriza o estilo arquitetônico que estava na moda no início do século XX.

Em 1919 foi o ano em que se fundou a Paróquia do Alecrim e se encerrou a construção do templo. No dia 4 de maio, uma missa abençoou o novo templo, mas ainda sem o sino e sem torre, o primeiro chegou meses depois, mas teve que esperar oito anos até o começo da construção da torre, cimada por uma estátua de São Pedro, de dois metros e meio de altura, esculpida pelo artista potiguar, Hostílio Dantas. Este também esculpiu os quatro anjos que ladeiam a torre, sustentando cada um um globo de luz.

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Inicialmente a igreja não possuía sacristia. Ela foi construída somente em 1930, quando os padres compraram um terreno contíguo a igreja. Quinze anos depois, o padre Matrinho Stenzel idealizou a construção de um Salão Paroquial, que possuí uma capacidade de receber setecentas pessoas. Neste espaço, durante a década de 1980 e início dos anos 90, funcionou o Teatro Infantil Jesiel Figueiredo.

O segundo templo católico do bairro foi a Igreja de São Sebastião. Inicialmente localizada na região do bairro chamada de Baixa da Égua, onde celebrava missa o Padre João Maria. O primeiro registro a que temos acesso da igreja remonta a 1926, porém subordinada a Igreja Matriz de São Pedro. Somente em 1949 que foi instituída a paróquia de São Sebastião, transformando a igreja em matriz, e dando-lhe sua torre. Essa instalação de uma nova paróquia demonstra o ritmo de crescimento do bairro do Alecrim. A atual Igreja de São Sebastião foi inaugurada em 1977.

O terceiro templo católico é de 1933, a Capela de São José, construída na região do bairro chamada de Guarita. Ela foi uma iniciativa do próprio vigário da paróquia do Alecrim, José Biessinger. Conta Itamar de Souza, em seu Nova História de Natal, que graças a colaboração dos fiéis católicos, a construção do templo foi rápida. Dois anos depois, ela já estava sendo abençoada e começava a receber os fiéis para seus rituais. Esta igreja ficava localizada entre os trilhos da ferrovia e, por isso, em 1959, ela foi transferida para seu atual endereço.

A quarta igreja foi construída somente em 1956, na região antes denominada Baixa da Coruja. Sendo mais preciso, essa igreja não fazia parte do Alecrim, pois quando foi criada, o bairro tinha sido batizado de Conceição, substituindo o nome popular do território entre a Av. Presidente Sarmento e Lagoa Seca. Porém o novo nome nunca pegou, e o bairro acabou sendo integrado ao Alecrim. A Capela de Nossa Senhora da Conceição, contudo, sempre permanecera sob a administração da Paróquia do Alecrim.



Para Saber Mais:

Débora Luna. Um arquiteto na aldeia: a contribuição de Herculano Ramos para o primeiro ciclo de modernização urbana de Natal.

Itamar de Souza. Nova História de Natal.