As Fortalezas do Rio Grande do Norte: Touros, Pititinga e Manoel Gonçalves

Por Prof. Dr. Lenin Campos Soares


Fortim de Touros

A fortificação se localizava “em uma ponta, na foz do rio Carnaubinha, perto da vila de Touros”, segundo Augusto de Souza, porém o rio que se localiza perto da vila se chama hoje Maceió, enquanto a praia de Carnaubinha (a 5,4 km da vila) não tem, hoje, rios navegáveis, mas se localiza numa ponta. Sendo este, provavelmente o local de existência da praça de guerra.

Ele foi construído em 1808, por ordem do governador da província, o tenente-coronel José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. A construção se dá durante as Guerras Napoleônicas, quando o Brasil se preparava para enfrentar uma invasão francesa.

Augusto de Souza comenta, em 1885, que ele já estava desarmado há muito tempo, e certamente arruinado, porém ainda restavam seus muros. Deve também ter sido abandonado após a renúncia ao trono de D. Pedro I, que instala um governo de regentes no Brasil. É decisão destes regentes o desmantelamento dessa rede de proteção do litoral brasileiro.

Na praça da Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes, estão expostos alguns canhões que são chamados de “canhões coloniais”, que, segundo Carlos da Cruz, são provavelmente as armas que guarneciam o fortim.

Canhões: Foto Google.

Fortim da Petitinga

A fortificação se localizava na ponta de Pititinga, hoje conhecida como Ponta do Coconho, a 18,3km ao norte do Cabo de São Roque. Ela fora erguida também por ação do governador José Francisco de Paula Cavalcanti Albuquerque, em 1808, dentro do esforço para a proteção do litoral norte-riograndense de uma provável invasão francesa, dado os conflitos da coroa portuguesa com o império napoleônico.

Augusto de Souza, em 1885, afirma que ela já está completamente desarmada, já que os governantes do período regencial havia cortado os fundos para a manutenção destas praças de guerra, da mesma forma que as outras fortalezas.

Fortim de Manoel Gonçalves

Este fortificação se localizava na ilha desparecida de Manoel Gonçalves, à pequena distância da barra do Assu, na atual cidade de Macau. Foi erguido em 1808, sob ordens do governador da província, o tenente-coronel José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. De pequenas dimensões, possuía apenas uma simples bateria, e destinava-se a proteção da foz do rio e, com isso, a proteção das cidades sertanejas. Também protegia o próspero centro de comércio e porto pesqueiro que era a cidade. Ele, provavelmente, foi o único destas praças de guerra que foi efetivamente utilizado contra os franceses, porém não exatamente contra o exército napoleônico. Em 1818, corsários franceses (que eram piratas que trabalhavam para o governo) tentaram invadir a ilha e roubar as especiarias e, especialmente, o sal marinho produzido na região. Foram rechaçados, com ajuda do fortim.

Contudo, seu final é bem mais trágico que as outras fortificações criadas para defender a costa brasileira de um possível ataque das tropas de Napoleão Bonaparte. Em 1825 as águas do Oceano Atlântico começaram a avançar sobre a ilha. Os moradores foram obrigados a abandonar as suas casas e buscar abrigo no continente. João Felipe da Trindade diz que em 1836 a ilha já havia sido totalmente tragada pelo mar. A mesma tragédia que permitiu o nascimento da cidade de Macau foi a que levou o fortim para debaixo d’água.

Localização da ilha.