Natal das Antigas

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Antiga loja Paris em Natal: vestígios de uma época

Caminhar pelas ruas e becos do bairro da Ribeira, é uma experiência que vai da alegria de encontrar vestígios de nosso passado a tristeza de verificarmos como estes vestígios tombam ao sabor do tempo.

Olhar a cidade é, então, uma experiência repleta de interfaces, pois, não se basta num olhar, os elementos constitutivos do espaço urbano têm muito a ver com seus significados em determinadas épocas, nada é estável, eterno, quando pensamos nas paisagens da urbe, a dinâmica urbana modifica constantemente, claro, como resultado da intervenção humana.

Bairros antes valorizados do ponto de vista imobiliário, em uma determinada época, em outra, transforma-se em uma área marginalizada. O prédio da antiga loja Paris em Natal é um bom exemplo, dessa ressignificação.

Foto: @luciano_capistrano

Conforme os Professores Lenin Campos e Matheus Barbosa: “A Loja Paris em Natal [...] possuía quatro grandes janelas no piso superior e estas possuíam guarda-corpos trazidos da França. Sobre as portas, o tímpano dos arcos, também exibia trabalhos em metal de oficinas francesas. A loja abriu em 1908 e vendia artigos finos para a população potiguar. Ao lado, ficava o Cine Polytheama, que abriu suas portas na praça Augusto Severo em 1915.”

Um espaço de intensa atividade comercial na Natal do início do século XX hoje sua fachada corroída é, simbolicamente, a representação do deslocamento do centro econômico da Ribeira para outras regiões da cidade. Entender essas mudanças é importante para a compreensão da expansão urbana, como explica o historiador José Barros D’Assunção:

Por vezes imperceptíveis na paisagem de um dia a outro, este deslocamento da escrita urbana deixa-se registrar e entrever na longa duração [...] este deslocamento social do espaço também acaba por se constituir em uma forma de escrita que pode ser decifrada. As motivações para este deslocamento podem ser lidas pelo historiador: a história da deterioração de um bairro pode revelar a mudança de um eixo econômico ou cultural, uma reorientação no tecido urbano que tornou periférico o que foi um dia central ou ponto de passagem importante.

Referências:
BARROS, José D’Assunção de. Cidade e História. Petrópolis: Editora Vozes, 2012; CAPISTRANO, Luciano Fábio Dantas. Divagações: memória, fotografia e história. Natal: Sebo Vermelho, 2019;
SOARES, Lenin Campos; BARBOSA, Matheus. História da Arte Potiguar: Art Nouveau. https://www.nataldasantigas.com.br/blog/art-nouveau-no-rio-grande-do-norte, acessado em 19/01/2021