A Morte de Aires da Cunha
Por Prof. Dr. Lenin Campos Soares
Pouco se sabe sobre Aires da Cunha, sabemos apenas que ele recebeu, junto a João de Barros as capitanias do Rio Grande e do Maranhão. Durante muito tempo se acreditou que os dois capitães-mores teriam recebido os dois territórios juntos, mas como demonstrou recentemente Jorge Cintra, haviam demarcações claras de que parte do território pertencia a cada um dos dois.
Agraciados em 1534 com uma capitania no Brasil, João de Barros demorou um ano organizando uma expedição para tomar posse de suas terras. Ele praticamente a financiou sozinho. Em 1535 sua cara armada zarpou de Portugal rumo ao Novo Mundo composta por dez navios e novecentos homens, sendo cento e treze apenas da cavalaria. Era um pequeno exército! Os espanhóis inclusive estranharam. O embaixador, Luís Sarmiento, como explica Tavares de Lira, questionou D. João III. Desconfiavam os hispânicos que os portugueses pretendiam descobrir uma rota por terra para o Peru.
Aires da Cunha era o capitão da armada. O feitor da Casa da Índia, João de Barros, não podia deixar Portugal já que seu cargo administrava todas as terras do império em nome do rei. Mas ele mandou seus dois filhos como representantes: Jerônimo e João. A expedição saiu de Lisboa em novembro de 1535 chegou a Pernambuco um mês depois, onde foram recebidos por Duarte Coelho, que cedeu aos aventureiros alguns interpretes e guias indígenas. Eles logo partiram para o norte, costeando o litoral. O objetivo aqui não era chegar ao Rio Grande, mas ao Maranhão, o que confirma as desconfianças espanholas. O plano de Aires da Cunha era atacar, a partir do Maranhão, as minas do Peru. Mal sabia ele quer era impossível atravessar a Floresta Amazônica!
Mas ao chegar ao Cabo de São Roque, uma tempestade atingiu a frota, um navio afundou, Aires da Cunha pereceu nesse naufrágio. Outro navio se perdeu. Ficou a deriva até ser encontrado por marinheiros espanhóis que os levaram para ilha de São Domingos, no Caribe. Somente oito navios chegaram ao Maranhão e fundaram lá uma vila de nome Nazaré, sob comando dos filhos de João de Barros.
João de Barros pagou pela vida de todos os mortos nessa expedição. Ele manteve pensões para os órfãos e viúvas daqueles que foram mortos.
Para Saber Mais:
Luís da Câmara Cascudo. História da Cidade do Natal.
Tavares de Lira. História do Rio Grande do Norte.